O magistrado afirmou que “as big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem”.
“Elas não são neutras. São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial, ignorando fronteiras, ignorando a soberania nacional de cada país, ignorando legislações, para terem poder e lucro”, afirmou.
Ele associou essas companhias ao fascismo e a uma lavagem cerebral, afirmando que as redes sociais foram instrumentalizadas pela extrema direita em diferentes países para atacar o que chamou de três pilares da democracia: imprensa livre, eleições periódicas e Judiciário independente.
“Estamos começando a entender como se deu esse processo de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta, o fascismo, disseminando discursos de ódio, misoginia, homofobia e até ideias nazistas”, declarou.
Descreveu então o que seria o “modus operandi” dos “movimentos de populismo digital extremista”.
“Em nenhum lugar do mundo esses grupos dizem que são contra a democracia. Eles dizem: ‘essa democracia tem fraudes’. Então, essa não vale. Se eu perder, não vale. Só tem democracia se eu ganhar. E para fortalecer a democracia, eu tenho que tomar o poder. Esse é o discurso.”
Na semana passada, Moraes foi alvo de uma ação conjunta em um tribunal federal dos EUA impetrada pela empresa de mídia do presidente Donald Trump e pela plataforma de vídeos Rumble. O processo foi movido em distrito na Flórida onde o Rumble está sediado.
As plataformas afirmam que recentes ordens de Moraes determinando que o Rumble feche a conta do influenciador bolsonarista Allan dos Santos e forneça os seus dados de usuário violam a soberania dos Estados Unidos, a Constituição americana e as leis do país.
O Rumble saiu do Brasil em dezembro de 2023 devido ao que descreveu como diversas “ordens injustas de censura” emitidas por Moraes para banir da plataforma criadores de conteúdo e figuras públicas, incluindo parlamentares.
Na época, Moraes determinou que o Rumble mantivesse sigilo sobre essas ordens, ameaçando a empresa com a interrupção de seus serviços no Brasil caso não a cumprisse imediatamente. A decisão da plataforma de sair do país se deu para evitar a imposição de multas pela Justiça brasileira.
Um dia depois de a Folha revelar a ação judicial, na sexta (21), Moraes mandou suspender a plataforma em todo o território nacional. Ele afirmou que a medida era necessária diante de “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais”.
No mesmo dia, a conta do ministro no X (ex-Twitter) apareceu desativada. Segundo o STF, foi o próprio Moraes que inativou o seu perfil, pois já não o utilizava desde janeiro de 2024. “Me retirei”, disse à CNN Brasil o ministro, que tem promovido uma série de decisões duras contra a plataforma do empresário Elon Musk.
Fonte: Folha de S.Paulo
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