Recentemente, o Exército anunciou uma reformulação no COpEsp após o envolvimento de militares da unidade na suposta trama de golpe de 2022. No entanto, para especialistas, as mudanças são insuficientes. O professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Francisco Teixeira, criticou as alterações:
“Não vai adiantar, tem que encerrar o batalhão”, afirmou à Agência Pública nesta segunda-feira (10).
Mesmo diante do escândalo, o batalhão mantém suas vagas e treinamentos com militares dos EUA. Para Teixeira, a permanência dessa estrutura reforça a visão de "ameaça interna" ensinada aos militares latino-americanos nos cursos realizados no Exército dos Estados Unidos.
O envolvimento na crise
O COpEsp tornou-se alvo de polêmicas após o vazamento de áudios do tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas. Nas gravações obtidas pela Polícia Federal, ele sugere o direcionamento da população para a frente do Congresso Nacional e menciona a necessidade de “explorar a dimensão informacional” da invasão de 8 de janeiro de 2023.
"Dá pra fazer um ‘trabalho bom’ nisso aí”, teria dito o militar, sugerindo um planejamento estratégico para a ação.
Segundo ele, havia resistência dentro das Forças Armadas em aderir ao golpe: “Ninguém quer se arriscar”, afirmou em um dos trechos.
Mudanças anunciadas e críticas
Diante do escândalo, o Exército determinou a retirada do curso de operações psicológicas do batalhão e a revisão da doutrina. No entanto, o número de vagas para formação dos “kids pretos” permanece o mesmo desde 2009: 24 para sargentos e 24 para oficiais.
Francisco Teixeira alerta que mudanças pontuais não resolverão o problema:
"Se essa lógica for mantida, mudanças pontuais não vão adiantar".
Para ele, a única solução eficaz seria o encerramento do batalhão e a reformulação completa da formação dos militares, que há décadas realizam treinamentos nos EUA, em locais como Fort Moore, antigo centro da polêmica Escola das Américas.
Grupo de Trabalho e prazo para reestruturação
Com o objetivo de reformular o COpEsp, o Exército criou um Grupo de Trabalho no dia 13 de dezembro de 2024. O grupo, coordenado pelo general de divisão Jayro Rocha Júnior, conta com 12 oficiais de diferentes setores e deve apresentar um relatório até 28 de março de 2025.
De acordo com o Boletim nº 51/2024, o documento final trará conclusões sobre as investigações e propostas para uma nova diretriz de Operações Especiais. O material será submetido ao chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Nunes.
O papel das operações psicológicas
As operações psicológicas (Op Psico) estão no centro das mudanças. Segundo o Manual de Campanha C-45-4 do Estado-Maior do Exército, essas operações são uma ferramenta essencial do poder militar e político, utilizadas tanto em tempos de guerra quanto de paz.
Diante disso, o Exército argumenta que o curso de operações psicológicas não deve ocorrer no próprio batalhão, mas não sinalizou mudanças mais profundas na estrutura do COpEsp.
A reformulação será suficiente para evitar novas crises ou apenas uma mudança superficial? O futuro do COpEsp permanece incerto.
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