12 de março de 2025

CRISE E REFORMULAÇÃO: O FUTURO DO COMANDO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

 Os "kids pretos" são militares das Forças Especiais do Exército Brasileiro, formados no Comando de Operações Especiais (COpEsp). Conhecidos por suas atuações em operações de alto risco, eles se destacam pelo uso de uniformes pretos durante as missões.

Recentemente, o Exército anunciou uma reformulação no COpEsp após o envolvimento de militares da unidade na suposta trama de golpe de 2022. No entanto, para especialistas, as mudanças são insuficientes. O professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Francisco Teixeira, criticou as alterações:

“Não vai adiantar, tem que encerrar o batalhão”, afirmou à Agência Pública nesta segunda-feira (10).

Mesmo diante do escândalo, o batalhão mantém suas vagas e treinamentos com militares dos EUA. Para Teixeira, a permanência dessa estrutura reforça a visão de "ameaça interna" ensinada aos militares latino-americanos nos cursos realizados no Exército dos Estados Unidos.

O envolvimento na crise

O COpEsp tornou-se alvo de polêmicas após o vazamento de áudios do tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas. Nas gravações obtidas pela Polícia Federal, ele sugere o direcionamento da população para a frente do Congresso Nacional e menciona a necessidade de “explorar a dimensão informacional” da invasão de 8 de janeiro de 2023.

"Dá pra fazer um ‘trabalho bom’ nisso aí”, teria dito o militar, sugerindo um planejamento estratégico para a ação.

Segundo ele, havia resistência dentro das Forças Armadas em aderir ao golpe: “Ninguém quer se arriscar”, afirmou em um dos trechos.

Mudanças anunciadas e críticas

Diante do escândalo, o Exército determinou a retirada do curso de operações psicológicas do batalhão e a revisão da doutrina. No entanto, o número de vagas para formação dos “kids pretos” permanece o mesmo desde 2009: 24 para sargentos e 24 para oficiais.

Francisco Teixeira alerta que mudanças pontuais não resolverão o problema:

"Se essa lógica for mantida, mudanças pontuais não vão adiantar".

Para ele, a única solução eficaz seria o encerramento do batalhão e a reformulação completa da formação dos militares, que há décadas realizam treinamentos nos EUA, em locais como Fort Moore, antigo centro da polêmica Escola das Américas.

Grupo de Trabalho e prazo para reestruturação

Com o objetivo de reformular o COpEsp, o Exército criou um Grupo de Trabalho no dia 13 de dezembro de 2024. O grupo, coordenado pelo general de divisão Jayro Rocha Júnior, conta com 12 oficiais de diferentes setores e deve apresentar um relatório até 28 de março de 2025.

De acordo com o Boletim nº 51/2024, o documento final trará conclusões sobre as investigações e propostas para uma nova diretriz de Operações Especiais. O material será submetido ao chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Nunes.

O papel das operações psicológicas

As operações psicológicas (Op Psico) estão no centro das mudanças. Segundo o Manual de Campanha C-45-4 do Estado-Maior do Exército, essas operações são uma ferramenta essencial do poder militar e político, utilizadas tanto em tempos de guerra quanto de paz.

Diante disso, o Exército argumenta que o curso de operações psicológicas não deve ocorrer no próprio batalhão, mas não sinalizou mudanças mais profundas na estrutura do COpEsp.

A reformulação será suficiente para evitar novas crises ou apenas uma mudança superficial? O futuro do COpEsp permanece incerto.

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